Divergente 2 - Insurgente
Sinopse:
A tua escolha pode transformar-te - ou destruir-te. Mas qualquer escolha implica consequências, e à medida que as várias fações começam a insurgir-se, Tris Prior precisa de continuar a lutar pelos que ama - e por ela própria.
O dia da iniciação de Tris devia ter sido marcado pela celebração com a fação escolhida. No entanto, o dia termina da pior forma possível. À medida que o conflito entre as diferentes fações e as ideologias de cada uma se agita, a guerra parece ser inevitável. Escolher é cada vez mais incontornável... E fatal. Transformada pelas próprias decisões mas ainda assombrada pela dor e pela culpa, Tris terá de aceitar em pleno o seu estatuto de Divergente, mesmo que não compreenda completamente o que poderá vir a perder.
A muito esperada continuação da saga "Divergente" volta a impressionar os fãs, com um enredo pleno de reviravoltas, romance e desilusões amorosas, e uma maravilhosa reflexão sobre a natureza humana.
Opinião: Bem, como vocês sabem eu adorei o livro anterior e este não lhe ficou atrás, muito pelo contrário, na realidade, acho que este livro é ainda melhor do que o divergente porque tem muito mais aventura e toda a história é muito mais intensa.
Neste livro, são respondidas várias perguntas e descobertos bastantes segredos, incluindo o mais importante, o porquê de Jeanine , a lider da Erudição, querer matar todos os divergentes e essa verdade (descoberta apenas do final), vai ser determinante para a história do próximo livro, visto que é a maior revelação possivel e tem a ver com o que está do lado de fora da cerca.
O amor de Tris e Tobias vai sofrer um pouco pois ambos mentem um bocado um para o outro pois pensam que estão a fazer o melhor para não magoarem o outro, mas na realidade isso está a afasta-los cada vez mais. Ainda por cima, vais ser estabelecida uma estranha aliança e destemor está dividido entre os que apoiam Jeanine e os que não apoiam(como Tris e Tobias)
Concluindo, recomendo-vos a ler o livro pois se gostaram do outro vão achar este ainda melhor porque toda a intriga e mistério no outro livro é amplificado neste e as persongagens passam por várias crises, principalmente Tris que vai passar por uma grande crise de consciência e amizades são refeitas e relações são postas á prova.
Boa leitura!!!
A tua escolha pode transformar-te - ou destruir-te. Mas qualquer escolha implica consequências, e à medida que as várias fações começam a insurgir-se, Tris Prior precisa de continuar a lutar pelos que ama - e por ela própria.
O dia da iniciação de Tris devia ter sido marcado pela celebração com a fação escolhida. No entanto, o dia termina da pior forma possível. À medida que o conflito entre as diferentes fações e as ideologias de cada uma se agita, a guerra parece ser inevitável. Escolher é cada vez mais incontornável... E fatal. Transformada pelas próprias decisões mas ainda assombrada pela dor e pela culpa, Tris terá de aceitar em pleno o seu estatuto de Divergente, mesmo que não compreenda completamente o que poderá vir a perder.
A muito esperada continuação da saga "Divergente" volta a impressionar os fãs, com um enredo pleno de reviravoltas, romance e desilusões amorosas, e uma maravilhosa reflexão sobre a natureza humana.
Opinião: Bem, como vocês sabem eu adorei o livro anterior e este não lhe ficou atrás, muito pelo contrário, na realidade, acho que este livro é ainda melhor do que o divergente porque tem muito mais aventura e toda a história é muito mais intensa.
Neste livro, são respondidas várias perguntas e descobertos bastantes segredos, incluindo o mais importante, o porquê de Jeanine , a lider da Erudição, querer matar todos os divergentes e essa verdade (descoberta apenas do final), vai ser determinante para a história do próximo livro, visto que é a maior revelação possivel e tem a ver com o que está do lado de fora da cerca.
O amor de Tris e Tobias vai sofrer um pouco pois ambos mentem um bocado um para o outro pois pensam que estão a fazer o melhor para não magoarem o outro, mas na realidade isso está a afasta-los cada vez mais. Ainda por cima, vais ser estabelecida uma estranha aliança e destemor está dividido entre os que apoiam Jeanine e os que não apoiam(como Tris e Tobias)
Concluindo, recomendo-vos a ler o livro pois se gostaram do outro vão achar este ainda melhor porque toda a intriga e mistério no outro livro é amplificado neste e as persongagens passam por várias crises, principalmente Tris que vai passar por uma grande crise de consciência e amizades são refeitas e relações são postas á prova.
Boa leitura!!!
Cenas preferidas
“Você não me disse,” ele diz. “Por que não?”
“Porque eu não...” Eu balanço minha cabeça. ”Eu não sabia como.”
Ele franze a testa. ”É muito fácil, Tris...”
“Ah, sim,” eu digo, balançando a cabeça. “É tão fácil. Tudo o que tenho a fazer é ir até você e dizer, ‘A propósito, eu atirei em Will, e agora a culpa está me rasgando em pedaços, mas o que tem para o café da manhã?’ Certo? Certo?” De repente, é demais, demais para conter. Lágrimas enchem meus olhos, e eu grito, “Por que você não tenta matar um de seus melhores amigos e depois lidar com as consequências?”
Eu cubro meu rosto com as mãos. Eu não quero que ele me veja chorando de novo. Ele toca meu ombro.
“Tris,” ele diz, gentilmente desta vez. ”Eu sinto muito. Eu não deveria fingir que entendo. Eu só queria dizer que...” Ele luta por um momento. ”Eu queria que você confiasse em mim o suficiente para me dizer coisas assim.”
Eu confio em você, é o que eu quero dizer. Mas isso não é verdade, eu não confio nele para me amar apesar das coisas terríveis que eu fiz. Eu não confio em ninguém para fazer isso, mas isso não é problema dele, é meu.
“Eu quero dizer” diz ele, “eu tive que descobrir que você quase se afogou em um tanque de água por Caleb. Isso não parece um pouco estranho para você?”
Justo quando eu estava prestes a pedir desculpas.
Eu limpo meu rosto com meus dedos e olho para ele.
“Outras coisas parecem estranhas,” eu digo, tentando fazer minha voz leve. ”Como descobrir que a mãe supostamente morta do seu namorado ainda está viva ao vê-la em pessoa. Ou de ouvir seus planos para aliar com os sem facção, mas ele nunca falou sobre isso. Isso parece um pouco estranho para mim.”
Ele tira a mão do meu ombro.
“Não finja que isso é apenas problema meu,” eu digo. “Se eu não confio em você, você também não confia em mim.”
“Eu pensei que chegaríamos a essas coisas eventualmente,” diz ele. ”Eu tenho que dizer a você tudo de imediato?”
Eu me sinto tão frustrada. Eu não consigo nem falar por alguns segundos. Calor enche meu rosto.
“Deus, Quatro!” eu o agarro. ”Você não quer ter de me contar tudo imediatamente, mas eu tenho que dizer a você tudo de imediato? Você não pode ver o quão estúpido isso é?”
“Primeiro de tudo, não use esse nome como uma arma contra mim,” diz ele, apontando para mim. ”Em segundo lugar, eu não estava fazendo planos para me aliar com os sem facção, eu estava pensando sobre isso. Se eu tivesse tomado uma decisão, eu teria dito alguma coisa para você. E, terceiro, o que seria diferente se você tivesse realmente a intenção de me contar sobre as coisas, em algum momento, mas é óbvio que você não tinha.”
“Eu quis falar sobre Will!” digo. ”Não era o soro da verdade, era eu. Eu disse porque eu escolhi.”
“O que você está falando?”
“Eu estava consciente. Sob o soro. Eu poderia ter mentido, eu poderia ter escondido isso de você. Mas não o fiz, porque eu pensei que você merecia saber a verdade.”
“Que maneira de me dizer!” diz ele, carrancudo. ”Na frente de mais de uma centena de pessoas! Como se fosse íntimo!”
“Ah, então não é o suficiente que eu te disse; precisa ser no ambiente certo?” Levanto minhas sobrancelhas. ”Da próxima vez eu deveria preparar um chá e certificar se a iluminação está certa também?”
Tobias solta um som frustrado e se afasta de mim, andando alguns passos. Quando ele se vira, suas bochechas estão manchadas. Não me lembro de alguma vez ter visto seu rosto mudar de cor antes.
“Às vezes,” ele diz em voz baixa, “Não é fácil estar com você, Tris.” Ele olha para
longe.
Eu quero dizer a ele que eu sei que não é fácil, mas eu não teria conseguido passar a última semana sem ele. Mas eu só olho para ele, meu coração batendo em meus ouvidos.
Eu não posso dizer a ele que preciso dele. Eu não posso precisar dele, ponto—ou, na verdade, não podemos precisar um do outro, porque quem sabe quanto tempo algum de nós vai durar nesta guerra?
“Sinto muito,” eu digo, toda a minha raiva desaparecendo. ”Eu deveria ter sido honesta com você.”
“É isso? Isso é tudo que você tem a dizer?” ele franze a testa.
“O que mais você quer que eu diga?”
Ele apenas balança a cabeça. “Nada, Tris. Nada.”
Eu o vejo ir embora. Eu sinto como se um vazio fosse aberto dentro de mim, expandindo tão rapidamente que vai me quebrar em pedaços.
“Minha principal missão era focada em Jeanine Matthews.” Ela olhou furiosamente para as mãos. “Como ela passava o dia. E, mais importante, onde ela passava.”
“Não em seu escritório, então?”
Tori não respondeu de imediato.
“Acho que posso confiar em você, Divergente.” Ela olhou para mim pelo canto de olho. “Ela tem um laboratório privado no nível superior. Medidas de segurança insanas protegendo-o. Eu tentava entrar lá quando eles descobriram o que eu realmente era.”
“Você tentou entrar lá,” eu digo. Seus olhos fogem do encontro com os meus. “Não para espionar, suponho.”
“Achei que seria mais... Conveniente, se Jeanine Matthews não ficasse viva por muito tempo.”
Eu vejo um tipo de sede em sua expressão, a mesma que vi quando ela me contou sobre seu irmão no quarto dos fundos do estúdio de tatuagem. Antes da simulação de ataque eu poderia ter chamado isso de sede por justiça, ou até mesmo vingança, mas agora sou capaz de identificar como uma sede por sangue. E mesmo que isso me espante, eu entendo.
O que provavelmente deveria me espantar ainda mais.
“Se Jack Kang está fazendo acordos com a Erudição, não podemos ficar mais aqui,” diz Tori. “Então, para onde vamos?”
Eu penso no sangue na camisa de Shauna, e nos pomares da Amizade, o som do vento nas folhas, o sentimento das cascas sob minhas mãos. Nunca pensei que almejaria aquele lugar. Não pensei que havia isso em mim.
Eu fecho meus olhos por um instante, e quando os abro, estou de volta à realidade, e a Amizade é só um sonho.
“Para casa,” Tobias diz, levantando sua cabeça. Todos estão escutando. “Nós devemos tomar de volta o que é nosso. Podemos quebrar as câmeras de segurança na sede Destemor para que a Erudição não possa nos ver. Devemos ir para casa.”
Alguém concorda com um grito, e outra voz se junta à primeira. É assim que algumas coisas no Destemor são decididas: com acenos e gritos. São nesses momentos que não parecemos mais como isolados. Somos todos parte de uma mesma mente.
“Mas, antes de fazermos isto,” diz Bud, que trabalhava uma vez com Tori no estúdio de tatuagem, e que está com uma de suas mãos nas costas da cadeira de Tori, “Nós precisamos decidir o que fazer com Eric. Deixá-lo aqui para a Erudição, ou executá-lo.”
“Eric é Destemor,” Lauren diz, girando o piercing em seu lábio com um de seus dedos. “Significa que nós decidimos o que acontecerá com ele. Não a Sinceridade.”
Desta vez, um grito ruge para fora de meu corpo, se juntando com outros.
“De acordo com as leis Destemor, somente líderes da facção podem fazer uma execução. E todos os cinco ex-líderes são traidores,” diz Tori. “Então, acho que é hora de escolhermos novos líderes. A lei diz que precisamos de mais de um, e precisamos de um número ímpar. Se vocês tiverem sugestões, devem dizê-las agora, e votaremos se for necessário.”
“Você!” alguém grita.
“Tudo bem,” diz Tori. “Alguém mais?”
Marlene coloca as mãos ao redor da boca e diz: “Tris!”
Meu coração acelera. Mas para minha surpresa, ninguém murmura e nem mesmo ri. Ao invés disso, algumas pessoas concordam, assim como fizeram quando o nome de Tori foi mencionado. Eu faço uma varredura na multidão e encontro Cristina. Ela está de pé com os braços cruzados, e não parece reagir nem um pouco a minha nomeação.
Eu me pergunto como eu pareço para eles. Eles devem ver alguém que eu não sou. Alguém capaz e forte. Alguém que não posso ser; alguém que posso ser.
Tori afirma com um aceno de cabeça e olha ao redor para outra recomendação.
“Harrison,” alguém diz. Eu não sei quem é Harrison até que alguém bate no ombro de um homem de meia-idade com um longo cabelo loiro. Eu o reconheço—ele é o Destemido que me chamou de garota quando Zeke e Tori voltaram da sede da Erudição.
Os membros do Destemor ficam calados por um momento.
“Eu vou nomear Quatro,” diz Tori.
Apesar de alguns poucos murmúrios enraivecidos no fundo da sala, ninguém discorda. Ninguém está mais o chamando de covarde, não depois dele bater em Marcus no refeitório. Pergunto-me como eles reagiriam se soubessem quão calculada foi aquela briga.
Agora, ele poderia obter exatamente o que ele pretendia obter. A menos que eu ficasse em seu caminho.
“Nós precisamos somente de três líderes,” Tori diz. “Nós vamos ter que votar.”
Eles nunca me nomeariam se não fosse por eu ter parado a simulação de ataque. E talvez, eles nunca teriam me nomeado se não fosse por eu ter atacado Eric no elevador, ou me colocado debaixo daquela ponte. Quanto mais imprudente fico, mais popular me torno no Destemor. Tobias olha para mim. Não posso ser popular com Destemor, porque, Tobias está certo—não pertenço ao Destemor; sou uma Divergente. Eu sou o que escolho ser. E não posso escolher ser isto. Eu tenho que me afastar deles.
“Não,” eu digo. Limpo minha garganta e digo mais alto. “Não, vocês não precisam votar. Eu recuso minha nomeação.”
Tori levanta uma de suas sobrancelhas para mim. “Você tem certeza, Tris?”
“Sim,” digo. “Eu não quero isso. Tenho certeza.”
E assim, sem nenhum argumento e nenhuma cerimônia, Tobias é eleito para ser um líder Destemor. E eu não.
Quando Tobias começa a cair no sono, mantém seus braços em volta de mim, firmes, como uma prisão para preservar minha vida. Eu espero, me mantendo desperta com o pensamento de corpos caindo pesadamente no chão, até que seu aperto hesita e sua respiração estabiliza.
Não vou deixar que Tobias vá para o complexo da Erudição quando atacarem novamente, quando mais alguém morrer. Não vou.
Eu escorrego para longe de seus braços. Visto um de seus moletons para que eu possa levar seu cheiro junto comigo. Deslizo meus pés para dentro dos meus sapatos. Não pego nenhuma arma ou lembrança.
Eu paro ao lado da porta, olho para ele, meio enterrado sob a colcha da cama, pacífico e forte.
“Eu te amo,” digo baixinho, experimentando as palavras. Deixo a porta se fechar atrás de mim.
É hora de colocar tudo em ordem.
“Tobias,” eu digo, e soa como um suspiro.
O traidor Destemor com a arma empurra Tobias em minha direção. Peter tenta me empurrar para frente também, mas meus pés permanecem plantados. Eu vim aqui para proteger tantas pessoas quanto eu pudesse. E eu me importo mais com a segurança de Tobias do que com a de qualquer um. Então porque eu estou aqui, se ele está aqui? Qual é o objetivo?
“O que você fez?” eu balbucio. Ele está a apenas alguns metros de mim agora, mas não próximo o bastante para me ouvir. Enquanto ele passa por mim, ele estica sua mão. Ele a envolve na minha e a aperta. Aperta, e então solta. Seus olhos estão vermelhos; ele está pálido.
“O que você fez?” Dessa vez a pergunta sai como um rosnado.
Eu me jogo contra ele, lutando contra o aperto de Peter, embora suas mãos se apertem.
“O que você fez?” eu grito.
“Você morre, eu morro também.” Tobias olha para mim sobre seu ombro. “Eu te pedi para não fazer isso. Você tomou sua decisão. Essas são as consequências.”
“Enquanto você dorme, nós estaremos realizando um procedimento curto para observar algumas coisas sobre seu cérebro. Não será invasivo. Mas antes disso... Eu prometi a você total transparência com estes procedimentos. Então, eu sinto que é justo que você saiba exatamente quem me ajudou em meus esforços.” Ela sorri um pouco. “Quem me contou que você tinha aptidão para três facções, e que nossa melhor chance era você vir aqui e colocar sua mãe no passado para fazer a simulação mais eficaz.”
Ela olha para a porta, enquanto os sedativos deixam tudo borrado nas bordas. Olho sobre meu ombro, e através da névoa de drogas eu o vejo.
Caleb.
“Vamos cuidar de seus pés,” diz ele. Mas não se move, apenas muda os dedos para o interior do meu cotovelo.
“Tudo bem,” eu digo.
Entramos no banheiro contíguo, e eu sento na borda da banheira. Ele se senta ao meu lado, a mão no meu joelho enquanto liga a torneira e tampa o ralo. Água jorra para a banheira, cobrindo minhas unhas. Meu sangue colore de rosa a água.
Ele se agacha na banheira e coloca o meu pé em seu colo, esfregando os cortes mais profundos com um pano. Eu não sinto isso. Mesmo quando ele espalha espuma de sabão sobre eles, eu não sinto nada. A água na banheira fica cinza.
Eu pego a barra de sabão e passo em minhas mãos até que a minha pele fica revestida com espuma branca. Eu levo minhas mãos para ele e corro os dedos sobre suas mãos, com cuidado para esfregar as linhas em suas palmas e os espaços entre os dedos. É bom fazer algo, limpar alguma coisa, e ter minhas mãos nele novamente.
Espalhamos água por todo o chão do banheiro quando nós dois a espirramos em nós para tirar o sabonete. A água me deixa com frio, mas eu tremo e não me importo. Ele pega uma toalha e começa a secar minhas mãos.
“Eu não...” Soo como se estivesse sendo estrangulada. ”Minha família está toda morta, ou são traidores; como posso...”
Eu não estou fazendo nenhum sentido. Os soluços assumem o meu corpo, minha mente, tudo. Ele me puxa para si, e a água do banho molha minhas pernas. Seu abraço é apertado. Eu escuto o seu batimento cardíaco e, depois de um tempo, encontro uma maneira de deixar o ritmo me acalmar.
“Eu vou ser a sua família agora,” diz ele.
“Eu te amo,” eu digo.
Eu disse isso uma vez, antes de ir para a sede Erudição, mas ele estava dormindo. Não sei por que eu não disse quando ele poderia ouvir. Talvez eu estivesse com medo de confiar nele com algo tão pessoal como a minha devoção. Ou com medo de não saber o que era amar alguém. Mas agora, eu acho que assustador era não dizer antes que fosse quase tarde demais. Não dizer antes que fosse quase tarde demais para mim.
Eu sou dele, e ele é meu, e tem sido assim desde sempre.
Ele olha para mim. Espero com minhas mãos segurando seus braços para me estabilizar enquanto ele considera sua resposta.
Ele franze a testa para mim. ”Diga isso de novo.”
“Tobias,” eu digo, “eu te amo.”
Sua pele está escorregadia por causa da água e ele cheira a suor e minha camisa gruda em seus braços quando ele os desliza em torno de mim. Ele pressiona o rosto em meu pescoço e me beija logo acima da clavícula, beija minha bochecha, beija meus lábios.
“Eu também te amo,” diz ele.
Atrás dela, a porta para a escada se abre, e Tobias sai com Marcus e Caleb atrás dele, quase despercebido. Quase, só que eu percebo, porque me treinei para percebê-lo. Eu observo seus sapatos enquanto ele se aproxima. São tênis preto com ilhós cromados para os cadarços. Eles param ao meu lado, e ele se agacha ao lado do meu ombro.
Eu olho para ele, esperando encontrar os seus olhos frios e inflexíveis.
Mas não estão.
Evelyn ainda está falando, mas sua voz desvanece para mim.
“Você estava certa,” Tobias diz em voz baixa, equilibrando-se sobre os pés. Ele sorri um pouco. “Eu sei quem você é. Eu só precisava ser lembrado.”
Eu abro minha boca, mas não tenho nada a dizer.
Então, todas as telas do átrio da Erudição—pelo menos aquelas que não foram destruídas no ataque—oscilam, incluindo um projetor posicionado sobre a parede onde o retrato de Jeanine costumava estar.
Evelyn para no meio de uma frase que estava falando. Tobias pega a minha mão e me ajuda a levantar.
“O que é isso?” Evelyn exige.
“Isto,” ele diz, somente a mim, “é a informação que vai mudar tudo.”
Minhas pernas tremem de alívio e apreensão.
“Você conseguiu?” digo.
“Você conseguiu,” diz ele. “Tudo o que eu fiz foi forçar Caleb a cooperar.”
Eu jogo meu braço em torno de seu pescoço, e pressiono os meus lábios nos dele. Ele segura o meu rosto com as duas mãos e me beija de volta. Eu diminuo a distância entre nós, até que ela desaparece, esmagando os segredos que mantivemos e as suspeitas que abrigamos—para sempre, eu espero.
E então eu ouço uma voz.
Nos separamos e viramos para a parede, onde uma mulher com cabelo castanho curto é projetada. Ela senta-se em uma mesa de metal com as mãos cruzadas, em um local que não reconheço. O fundo é muito fraco.
“Olá,” diz ela. “Meu nome é Amanda Ritter. Neste arquivo, eu direi apenas o que vocês precisam saber. Eu sou a líder de uma organização lutando por justiça e paz. Essa luta se tornou cada vez mais importante—e, consequentemente, quase impossível—nas últimas décadas. Isto é por causa disso.”
Imagens piscam pela parede, quase rápidas demais para eu ver. Um homem de joelhos com uma arma pressionada em sua testa. A mulher a apontando para ele, o rosto sem emoção.
De longe, uma pessoa pequena pendurada pelo pescoço a um poste de telefone.
Um buraco no chão do tamanho de uma casa, cheio de corpos.
E há outras imagens também, mas elas se movem mais rapidamente, por isso só tenho impressões de sangue e osso e morte e crueldade, rostos vazios, olhos sem alma, olhos aterrorizados.
Quando eu tive o suficiente, quando sinto que vou gritar se vir mais alguma coisa, a mulher reaparece na tela, atrás de sua mesa.
“Vocês não se lembram de nada disso,” diz ela. “Mas se vocês estão pensando que essas são as ações de um grupo terrorista ou um regime de governo tirânico, vocês estão apenas parcialmente corretos. Metade das pessoas naquelas fotos, cometendo aqueles atos terríveis, eram seus vizinhos. Seus parentes. Seus colegas de trabalho. A batalha que estamos lutando não é contra um determinado grupo. É contra a própria natureza humana—ou, pelo menos, o que ela se tornou.”
É por isso que Jeanine estava disposta a escravizar mentes e assassinar pessoas— para evitar que soubéssemos. Para nos manter ignorantes e seguros e dentro da cerca.
Há uma parte de mim que entende.
“É por isso que é vocês são tão importantes,” diz Amanda. “Nossa luta contra a violência e crueldade é apenas o tratamento dos sintomas de uma doença, não a cura. Vocês são a cura.
“A fim de mantê-los seguros, criamos uma forma de vocês serem separados de nós. Do nosso abastecimento de água. Da nossa tecnologia. De nossa estrutura social. Nós formamos a sua sociedade de uma maneira particular, na esperança de que vocês redescubram o sentido moral que a maioria de nós perdeu. Com o tempo, esperamos que vocês irão começar a mudar de maneiras que a maioria de nós não pode.
“A razão pela qual estou deixando estas imagens com vocês é para que vocês saibam quando é hora de nos ajudar. Vocês saberão que é a hora quando houver muitos entre vocês cujas mentes parecem ser mais flexíveis do que as outras. O nome que vocês devem dar a essas pessoas é Divergente. Uma vez que eles se tornem abundantes em seu meio, seus líderes devem dar o comando para a Amizade destrancar o portão para sempre, a fim de que vocês possam sair de seu isolamento.”
E é isso que os meus pais queriam fazer: pegar o que aprendemos e usar para ajudar os outros. Abnegação até o fim.
“As informações contidas neste de vídeo devem ser restritas apenas àqueles no governo,” Amanda diz. “Vocês devem ser uma lousa limpa. Mas não nos esqueçam.”
Ela dá um pequeno sorriso.
“Estou prestes a me juntar ao seu número,” diz ela. “Como o resto de vocês, eu voluntariamente esquecerei o meu nome, minha família, e minha casa. Eu assumirei uma nova identidade, com falsas memórias e uma falsa história. Mas, para que vocês saibam que a informação que lhes passei é precisa, direi o nome que estou prestes a tomar como meu.”
Seu sorriso se alarga, e por um momento, eu sinto que a reconheço.
“Meu nome será Edith Prior,” diz ela. “E há muito que estou feliz em esquecer.”
Prior.
O vídeo para. O projetor brilha em azul contra a parede. Eu agarro a mão de Tobias, e há um momento de silêncio como um folêgo retido.
Então a gritaria começa.